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Por que as pessoas passam por nossas vidas?

Leia ouvindo: Let It Go - James Bay 💭

Essa tem sido uma das perguntas que mais tenho me feito ultimamente. Sempre ouvimos dizer que as pessoas entram e saem de nossas vidas deixando um marco, e eu tenho vivido essa frase de forma muito intensa nesses últimos dias. Cada vez que alguém novo cruza o nosso caminho, algo em nós muda – talvez uma nova esperança nasça, uma ideia se transforme ou, quem sabe, uma ferida se abra. Não sei ao certo o que muda, mas sei que a vida nunca mais é a mesma, e senti isso na pele esses dias, a ponto de me fazer chorar incessantemente.

Eu poderia dizer que as pessoas passam para nos ensinar algo, para nos transformar, mas a verdade é que nem sempre a lição é clara ou imediata. Às vezes, a gente demora para entender o impacto que uma pessoa teve. Outras vezes, a dor da partida nos cega para qualquer aprendizado. E não vou negar: é frustrante. Quando penso nele, vejo claramente como isso aconteceu comigo. Ele foi alguém que chegou sem avisar, bagunçou tudo aqui dentro, me fez sentir coisas que nunca tinha sentido antes e, no final, deixou um vazio que ainda estou aprendendo a lidar.

É estranho como a presença de uma pessoa pode despertar o melhor de nós e o pior que temos, o pior porque sempre somos fadados a colocar as nossas falhas no próximo. Durante o tempo em que convivemos, ele me ensinou muito – sobre humildade, sobre ser autêntico, sobre não depender de ninguém para se sentir completo. Mas, ao mesmo tempo, eu acabei projetando nele minhas expectativas, minhas frustrações, meus medos. E isso foi um erro. Não porque ele não fosse importante, mas porque eu me perdi no meio das minhas próprias carências.

As pessoas passam pelas nossas vidas, sim. Mas nem sempre estamos prontos para lidar com isso. A gente quer que elas fiquem, que correspondam ao que idealizamos, que preencham o vazio que sentimos. E, quando isso não acontece, o que sobra é uma sensação de perda, de fracasso, de impotência. É como se a culpa fosse nossa por não saber segurar a mão daquela pessoa, por não ter sido bom o suficiente. E talvez seja isso que mais machuca: a ideia de que, de alguma forma, a gente estragou algo que poderia ter sido especial.

Hoje, olhando para trás, percebo que, em parte, foi isso mesmo. Por burrice minha, por imaturidade ou por simplesmente não saber lidar com o que estava sentindo, eu acabei perdendo a amizade dele. Coloquei nele uma responsabilidade que era minha, esperando que ele me salvasse de algo que eu nem sabia direito o que era. E, quando ele não correspondeu às minhas expectativas, eu me frustrei, me decepcionei e deixei que isso afetasse tudo.

Acho que a vida é isso mesmo. Bem no fundo, as pessoas que cruzam o nosso caminho servem para nos mostrar algo sobre nós mesmos: o quão errados estamos em algumas coisas, como muitas vezes nossas atitudes não condizem com nossos pensamentos. As pessoas são espelhos que nos fazem enxergar nossas sombras e, ao mesmo tempo, a nossa luz. Nesse tempo, ele me mostrou muito sobre quem eu sou e, principalmente, sobre quem eu ainda devo me tornar. Sou grato por isso e, ao refletir, percebo: vai com calma, James, você ainda tem muito pela frente. Ele me mostrou que não posso colocar a responsabilidade da minha alegria em outra pessoa, que preciso aprender a lidar com a solidão sem me desesperar, sem ficar ansioso e, acima de tudo, que AMAR ALGUÉM NÃO SIGNIFICA DEPENDER ou se anular por causa disso.

E agora, estou sentado em uma cafeteria, com as lágrimas escorrendo enquanto escrevo este texto. E, mesmo com toda a dor que ficou, eu sou – e serei – eternamente grato. Grato porque ele passou pela minha vida e deixou marcas profundas. Grato porque ele foi a pessoa mais incrível que já conheci. Grato porque, de alguma forma, ele me ajudou a crescer, a enxergar coisas que eu não queria ver e coisas que eu achava impossíveis, mas que, ao mesmo tempo, eram tão simples. E, acima de tudo, serei eternamente grato porque, mais uma vez, ele me ensinou que nem todas as histórias precisam ter um final feliz para serem importantes – muito menos duradouras.

Talvez as pessoas passem por nossas vidas justamente para nos lembrar de que a vida é feita de ciclos – de encontros e despedidas, de começos e fins. E cabe a nós aprender a lidar com isso, a deixar ir quando for preciso, a guardar as boas memórias e a seguir em frente, mesmo com o coração apertado.

Eu ainda não tenho todas as respostas. Talvez nunca tenha. Mas, se tem algo que tenho aprendido com tudo isso, é que cada pessoa que passa pela nossa vida tem um propósito, mesmo que a gente não entenda de imediato. E, no fim das contas, o importante é seguir, levando com a gente as marcas que elas deixaram, as lições que nos ensinaram e a esperança de que, a cada novo encontro, a vida nos dê mais uma chance de aprender, de amar e de crescer.

E que a gente precisa estar pronto para saber que, independentemente de qualquer coisa, nem sempre as pessoas que aparecem em nossas vidas vão ficar para sempre – e está tudo bem.

Com amor, James. 

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