A gente vive como se pudesse tudo. Como se fosse possível ter todos os caminhos ao mesmo tempo. Como se escolher um não significasse abrir mão de outro. Mas a verdade é que toda escolha tem um peso. Um preço. Uma consequência. E, por mais que a gente tente fugir disso, uma hora a conta chega.
Quando a gente escolhe ficar, deixa de ir. Quando escolhe alguém, deixa outros para trás. Quando escolhe se calar, deixa de ser entendido. E quando escolhe seguir um certo estilo de vida, seja por sonho, aparência, medo ou necessidade, acaba deixando outras versões de si mesmo esquecidas no meio do caminho.
Nem sempre a gente faz isso consciente. Às vezes, é no susto. A vida vai puxando, empurrando, e quando a gente percebe, já não é mais quem era. Já não sente mais com a mesma leveza. Já não se reconhece tanto assim no espelho.
E é aí que bate a dúvida: será que escolhi certo?
Talvez você já tenha sentido isso. Um vazio que não se explica, um incômodo que não tem nome. Tá tudo certo por fora, mas por dentro tem uma bagunça que insiste em pedir mais atenção. É como se você estivesse vivendo numa estrada bonita, mas que não parece sua. Como se tudo tivesse vindo ao custo de algo que você nem teve tempo de perceber que perdeu.
Eu não tô falando que é errado mudar, nem que todas as escolhas são ruins. Mas tem caminhos que exigem da gente mais do que a gente esperava. E às vezes a gente se engana achando que dá pra viver qualquer coisa, desde que o “lado de fora” esteja bonito o bastante pra convencer os outros. Mas não adianta convencer o mundo se você não acredita mais em si mesmo.
Tem dias em que eu sinto falta de quem eu fui. De um tempo em que as coisas eram mais simples. Eu não precisava provar nada pra ninguém, não devia nada pra ninguém, e não tinha medo de sentir. Eu só vivia. De verdade.
Hoje eu olho pra minha vida e vejo que escolhi muita coisa. E que, ao escolher, deixei outras pra trás. Algumas com consciência. Outras sem nem perceber. E agora, às vezes, bate a saudade do que poderia ter sido ou do que eu era, antes de tentar me encaixar em tudo.
Mas também entendo que crescer é isso. Errar, voltar atrás, recomeçar, se perder de vez em quando. A gente não tem como viver todas as versões que gostaria de ser. Então o que dá pra fazer é viver com mais intenção. Escolher com mais verdade. E quando perceber que está num caminho que não te faz bem, lembrar que sempre dá pra mudar a rota. Nem que seja aos poucos.
No fim, a vida é feita disso: de abrir mão, de experimentar, de entender que não dá pra ter tudo, mas dá pra ter paz. E que, mesmo deixando caminhos de lado, a gente sempre pode voltar pra si.
Com amor, James.

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