
Leia ouvindo: Let It All Go - Birdy & Rhodes 💭
Tem dias em que eu acordo e sinto como se estivesse carregando o mundo inteiro nas costas. É como se cada responsabilidade, cada cobrança, cada lembrança, cada silêncio acumulado me esmagasse um pouco mais. Eu nunca imaginei que teria que lidar tão cedo com tantas coisas ao mesmo tempo: tristeza, incertezas, luto, responsabilidades que não pedi e não esperava.
E, no meio disso tudo, eu sinto que vou perdendo pedaços de mim. O riso que antes era fácil, agora parece forçado. A fé que eu tinha no futuro, hoje está sempre acompanhada de medo. Eu me pergunto se vou dar conta, se vou conseguir chegar até lá, se vale a pena tanto esforço quando dentro de mim o vazio parece gritar mais alto que qualquer vitória.
A depressão não é só tristeza. É silêncio. É olhar para o teto à noite e não conseguir acreditar que o amanhã pode ser melhor. É sorrir para não preocupar ninguém, mas chorar escondido. É sentir que o peito aperta por dentro mesmo quando nada está acontecendo por fora.
Tem dias em que eu sinto que já vivi coisas demais, e outros em que parece que ainda não vivi nada. Me comparo com quem eu era no passado e penso que aquela versão de mim, mais leve, mais esperançosa, talvez tenha sido a última vez que eu realmente fui feliz. Hoje, eu caminho com um peso no peito que não me deixa esquecer que a vida, além de bonita, pode ser brutal.
Ninguém conta para a gente que crescer também significa enterrar partes de si mesmo. Enterrar sonhos, enterrar relações, enterrar pessoas que a gente ama. O luto não é só pela morte de alguém, é pelo fim de quem a gente era, de tudo que a gente acreditava. É olhar no espelho e não se reconhecer.
E ainda assim, mesmo no meio desse conflito mental e físico, eu sigo. Não porque eu queira, muitas vezes, mas porque não tenho escolha. A vida não para para esperar que eu melhore, que eu respire, que eu encontre sentido. As memórias chegam, as pessoas são más, as responsabilidades não esperam.
Às vezes, eu penso que estou vivendo no automático. Só existindo. Como se estivesse preso num corpo cansado demais para continuar, mas que mesmo assim segue caminhando. E isso dói.
Eu não sei quando vai passar. Não sei se vai passar. Talvez um dia eu olhe para trás e entenda o porquê. Talvez não. Mas, enquanto isso, eu só consigo ser honesto com o que sinto agora: a vida está pesada, e eu estou cansado.
E se eu escrevo isso hoje, não é para dramatizar nem para buscar consolo. É só para deixar registrado que, mesmo em pedaços, eu continuo. Mesmo sem forças, eu sigo. Mesmo sem acreditar em promessas de que tudo vai melhorar, eu estou aqui. Respirando. Um dia de cada vez.
Com amor, James.
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