🗂️ Da Minha Mesa
1. Música de hoje: Saturn — Sleeping At Last. Combina com o silêncio que esse livro deixa. 🎧🪐
2. Li uma matéria sobre envelhecer sozinho e viver mais. Pensei muito nessa história. 🕊️
3. Em finanças, um lembrete simples: estabilidade sem sentido também cansa. 💸
4. A leitura do dia é A Vida Impossível, do Matt Haig. Um livro mais contemplativo do que emocionante pra mim. 📚
5. Achado do dia pra quem gosta de ler à noite: uma luminária de leitura simples e discreta. 💡
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Esse era um dos livros que eu mais tinha pressa em ler e sobre o qual criei boas expectativas. Talvez justamente por isso a experiência tenha sido um pouco frustrante. A Vida Impossível terminou para mim com uma sensação estranha de indiferença. Não foi uma leitura ruim, mas também não me tocou como eu esperava.
Costumo gostar bastante da escrita do Matt Haig. Já me conectei profundamente com A Biblioteca da Meia-Noite e gostei muito de Como Parar o Tempo. Aqui, porém, algo simplesmente não encaixou.
A história acompanha Grace Winters, uma viúva, professora de matemática aposentada, com mais de 70 anos, que leva uma vida silenciosa e isolada. Ela passa os dias observando os pássaros no jardim e resolvendo palavras cruzadas, enquanto carrega uma culpa antiga e profunda pela morte do filho e, mais tarde, do marido. Grace não vive exatamente. Ela apenas existe, esperando o tempo passar.
Tudo muda quando uma amiga distante, conhecida décadas atrás, morre em circunstâncias misteriosas e lhe deixa uma casa na ilha de Ibiza. De forma inesperada, Grace compra uma passagem só de ida e parte rumo ao desconhecido.
Até esse ponto, a história me parecia bastante promissora. Inclusive, preciso dizer que adorei a escolha de uma protagonista idosa. É raro ver mulheres mais velhas ocupando esse lugar central na narrativa, e isso, por si só, já é um mérito enorme do livro.
Também gostei muito da forma como Ibiza é retratada. Não apenas como um destino festivo, mas como um espaço histórico, ecológico e cheio de contrastes. Confesso que isso até despertou em mim a vontade de conhecer a ilha um dia.
Os personagens secundários funcionam bem, e acompanhar o processo de abertura emocional da Grace, aos poucos voltando a sentir, a se permitir viver e a sair do isolamento, foi uma das partes mais bonitas da leitura.
O problema, para mim, surgiu quando a história mergulha de vez no realismo mágico. Eu até costumo suspender bem a descrença nesse tipo de narrativa, afinal, como leitor, leio de tudo. Ainda assim, aqui tudo pareceu exagerado demais. A presença de uma luz misteriosa no fundo do mar, poderes especiais explicados por uma origem alienígena, uma batalha quase caricata entre bem e mal, vilões rasos, políticos corruptos, cassino e conspirações ambientais acabaram me afastando da história, em vez de me aproximar.
Não consegui me envolver com a trama em si, mesmo gostando da personagem principal. Em vários momentos, senti a narrativa confusa e dispersa, como se tentasse abraçar ideias demais ao mesmo tempo. Acredito que o livro poderia ser mais curto e mais direto.
Ainda assim, reconheço o valor da mensagem central. Através de Grace, Matt Haig fala sobre luto, solidão, culpa, ganância, mas também sobre esperança, perdão e recomeço. O livro lembra que nunca é tarde para mudar de vida. Algumas imagens permanecem comigo, como Grace dançando madrugada adentro, finalmente se permitindo sentir alegria outra vez, e mostrando que, independentemente da idade, ainda é possível viver com intensidade.
No fim, fiquei com essa sensação contraditória. Gostei da jornada emocional da Grace, mas não do caminho que o livro escolheu para levá-la até lá. Sei que muita gente amou essa leitura, e consigo entender o porquê. Mas, para mim, ela não funcionou.
Talvez o problema não seja o livro. Talvez tenha sido apenas o momento errado.
Minha avaliacão: ⭐⭐⭐
Com amor, James.



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