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Afinal, o que é a morte?

 

Leia ouvindo: Only Good Will Come of This - Dave Barnes 💭

Estou sentado próximo à janela do avião e essa pergunta vem à minha mente: afinal, o que é a morte?

Talvez essa pergunta tenha surgido no exato momento em que penso em meus familiares. Perdi minha mãe, perdi meu pai, perdi meus avós e agora estou eu, sozinho, pensando na vida, voltando de mais uma viagem que fiz sozinho, por não ter mais minha família próxima de mim.

Talvez o nosso maior medo seja, de fato, perder quem amamos. Mas por que temos esse medo? Será o apego à ideia de que ficaremos sozinhos? Ou é o temor de imaginar que o resto de nossas vidas será um pouco doloroso, que a velhice também chegará e, ao pensarmos nisso, sabemos que um dia nós também partiremos desta vida?

Ainda continuo a me perguntar: afinal, o que é a morte? Talvez a morte seja todo o nosso ego que aflige as pessoas que nos rodeiam. Talvez a morte seja a inveja que transcende nossos corações, nos fazendo corroer por aquilo que não podemos ter. Talvez a morte seja o amor que jogamos fora quando alguém nos valoriza e nós não a tratamos da maneira que ela merece.

Uma coisa tenho aprendido neste tempo vivendo sozinho após perder as pessoas que eu amava: a morte sempre será um mistério e só cabe a nós aceitá-la como parte de nosso propósito, entendendo que nem sempre a vida se encarrega de nos dar o que desejamos.

Precisamos saber que, por mais que tenhamos saúde, em algum momento podemos descobrir uma doença em alguém próximo de nós, ou que nosso relacionamento, que parecia duradouro, chegou ao fim. E com isso, precisamos colocar em prática a ideia de que nada é para sempre, nem mesmo quem amamos.

Talvez esse luto que vivenciamos, seja pela perda de uma pessoa, de um objeto ou de um sentimento, seja passageiro. Em algum momento, nosso coração amadurecerá um pouco mais para isso.

E sozinhos, seguimos com a certeza de que viver é belo, passageiro, efêmero e infinito. Sinto, descubro, aprecio e deixo partir.

Sinto todos os meus sentimentos de pertencimento, descubro o novo que um dia foi velho, aprecio aquilo que chega a mim, mas que também pode se despedir. E deixo partir toda a dor que tanto assola meu coração, a ponto de querer sumir do universo e ser esquecido para sempre desta vida.

Ao final, tudo se resume a uma generosa chance que temos para viver, construir nossos sentimentos, ser e se tornar marcante, e tocar a vida daqueles que cruzam nosso caminho. 

A vida é como uma flor: se eu a cuidar, ela se tornará bela; se eu deixar de cuidar, ela se tornará obscura.

Por mais que nossa vida às vezes pareça desmoronar, seja em um relacionamento que chegou ao fim, seja no emprego em que você tanto se dedicava e não era reconhecido, ou nos sonhos que nunca se realizaram, seja paciente consigo mesmo, aprecie o momento, viva os detalhes e sinta. A VIDA É MUITO MAIS DO QUE UM LUTO, É MUITO MAIS DO QUE UM RELACIONAMENTO, É MUITO MAIS DO QUE UM SONHO.

Viver é se descobrir diariamente para aquilo que tanto floresce o seu coração.

Com amor,

James.

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