Leia ouvindo: My Arms Were Always Around You - Peter Bradley Adams 💭
Quando falamos sobre relacionamentos, especialmente no contexto de homens gays, parece haver uma visão distorcida de como nós vivemos. Existe um tabu de que os homens gays estão mais interessados em sexo e que os relacionamentos, quando acontecem, são frequentemente abertos ou marcados por traições. Não sei se essa visão vem de fora, da sociedade, ou se, de certa forma, nós mesmos a estabelecemos como uma barreira. Mas me pergunto: será que realmente não há espaço para lealdade, confiança e amor genuíno entre dois homens?
Sinto que muitos de nós carregamos uma espécie de desconfiança em relação a essa ideia de relacionamento. Enquanto alguns buscam uma relação verdadeira, outros acabam usando o sexo como uma válvula de escape, uma forma de evitar algo mais emocional. Talvez isso se deva ao fato de que, antigamente, o amor entre dois homens foi negado ou mal visto, e o sexo se tornou uma maneira de se afirmar e se conectar. Mas isso não significa que um relacionamento gay esteja fadado a ser apenas físico, e eu tenho aprendido isso todos os dias.
Acredito que pode existir um relacionamento gay sólido, com amor e cumplicidade. Não estou dizendo que é fácil. Existem desafios que surgem no caminho, principalmente relacionados às expectativas sociais, à nossa própria aceitação e à tentação de viver um estilo de vida mais prazeroso. No entanto, as dificuldades que enfrentamos não são exclusivas a nós. Heterossexuais também lidam com traição, falta de confiança e relacionamentos abertos, mas talvez isso não seja tão destacado quanto no nosso caso.
Outro ponto é a ideia de que, para muitos gays, um relacionamento amoroso e fiel é algo inalcançável. Será que isso ocorre porque nos sentimos menos merecedores de amor? Ou talvez pelo medo de abrir mão de uma liberdade sexual que, por tanto tempo, nos foi negada? Essas são perguntas que me faço, pois acredito que, no fundo, muitos de nós desejamos um relacionamento estável, baseado em confiança e amor, e, por sermos homens, temos a ideia de que o tesão sempre fala mais alto.
Acredito que, mais do que nunca, precisamos começar a desconstruir a narrativa de que relacionamento gay é sinônimo de traição ou de relacionamentos abertos. Essas ideias podem funcionar para alguns, e não há nada de errado nisso, desde que sejam acordadas e respeitadas por ambas as partes. Mas há espaço, sim, para a construção de relações monogâmicas, baseadas em afeto e confiança.
Tudo se resume à individualidade. Cada pessoa, gay ou não, tem uma ideia do que é um relacionamento ideal. Para alguns, isso pode significar a liberdade de explorar outras opções sexuais; para outros, a exclusividade emocional e física é fundamental. O importante é que ambos estejam alinhados nas suas expectativas e desejos.
Portanto, não, eu não acho que ser gay é apenas isso. Relacionamentos gays podem ser tanto sobre amor quanto sobre tesão, sobre lealdade e confiança, ou sobre liberdade e abertura. Não existe uma fórmula única. O que é essencial é que paremos de limitar nossas possibilidades por conta de estereótipos e comecemos a acreditar que, assim como qualquer outro tipo de relacionamento, o nosso também pode ser baseado no amor e na confiança.
No fim, o que importa é o que nós, como pessoas, desejamos e como nos conectamos com quem amamos.
RELACIONAMENTOS GAYS DE FATO EXISTEM, e eles podem ser tão reais e genuínos quanto qualquer outro. Basta estarmos abertos a isso.
Com amor, James.

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