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Por que o vazio nos persegue?

 Imagem: Cottonbro Studio | Pexels
Leia ouvindo: Hunger - Florence + The Michene 💭

Há dias em que acordo sentindo que o vazio quer ser meu companheiro durante todo o amanhecer, uma sombra que nos acompanha, mesmo quando tudo parece estar bem. É como se algo estivesse faltando, uma peça que nunca se encaixa. Por mais que tentemos, ela permanece ali, ao nosso lado. E talvez o peso maior de tudo isso seja não conseguir entender o que está faltando.

Será que o vazio surge da nossa busca incessante por aceitação de quem não nos merece? Ou da sensação de que nada do que fazemos é suficiente, como se precisássemos sempre provar nosso valor para o mundo? Talvez venha do pouco em que confiamos, já que o sofrimento nos ensinou a não esperar muito de promessas vazias.

E, ao analisar a nossa vida, percebemos que o vazio está cheio de perguntas. Será que buscamos nas pessoas aquilo que deveria estar dentro de nós? Um amor que nos complete, uma amizade eterna, ou uma segurança que não apenas conforte nosso coração, mas nos ensine a ter uma alma forte? Talvez o que falte não esteja no outro, mas em nós mesmos.

Talvez precisemos enxergar que aquilo que esperamos do próximo já existe dentro de nós, à espera de ser reconhecido.

Eu me pergunto, diariamente, se o vazio não é o reflexo dos traumas que carregamos sem perceber. O perdão que não damos, as mágoas que não soltamos, os erros que repetimos, os sonhos que abandonamos – por medo ou por comodismo. É difícil admitir, mas, muitas vezes, somos os próprios responsáveis por manter esse espaço vazio. Talvez tenhamos medo de preenchê-lo e enfrentar o que virá depois. Mas só saberemos o que há além se tentarmos.

HOJE, SENTI VONTADE DE APAGAR TUDO – E APAGUEI. Fotos, memórias, histórias, momentos e vivências que poderiam ter sido e não foram. Não porque quero esquecer, mas porque essas lembranças me cobram de um jeito que dói. Elas parecem mostrar apenas o que deu errado, o que não aconteceu, as expectativas frustradas e as apostas feitas em pessoas que, mais uma vez, me traíram.

Ainda assim, acredito que viver não se resume a isso – nem a quem esteve ao nosso lado ou nos deixou. Viver também é olhar para dentro, para a nossa essência, e fazer as pazes conosco. Talvez esse eco que nos persegue não seja um inimigo, mas um alerta. Ele nos obriga a parar, respirar e refletir: estamos vivendo ou apenas existindo?

Não podemos fugir do vazio, porque, de certa forma, ele nos conhece mais do que qualquer pessoa. Ele sabe onde dói, o que nos causa medo, e onde as lembranças nos deixam leves ou pesados. Mas talvez o segredo não seja evitá-lo, e sim encará-lo com coragem. Aos poucos, esse espaço pode se tornar o lugar onde mais nos encontramos. E, quando esse momento chegar, estaremos prontos para mudar.

Com amor, James. 

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