Estou em uma cafeteria, exatamente enquanto escrevo este post. Observo um senhor sentado à minha frente, um senhor de seus 89 anos, tomando café e comendo um misto quente. Seu corpo, pela idade, já debilitado, come devagar e observa as pessoas ao seu redor. Depois de um tempo, termina sua refeição, vai ao caixa pagar e diz: "Hoje é meu aniversário e vim aqui comemorar." Escorreram pequenas lágrimas dos meus olhos, pois me senti nele.
Chega um momento na vida em que você não tem mais nenhum familiar ao seu lado. Olhei para aquele senhor e vi o reflexo de uma vida inteira: 89 anos de lutas, experiências, conquistas, perdas e, agora, de silêncio. Um silêncio que, talvez, ele tenha aprendido a aceitar e a conviver. A cena me tocou porque, de alguma forma, eu me vi nele. Pensei: "E se for eu ali no futuro? Quem eu serei depois da velhice?"
É loucura pensar que passamos a vida toda correndo atrás de tantas coisas: emprego, fama, dinheiro, status, aprovação dos outros... mas e depois? Quando tudo isso perder a importância, quem vai estar com a gente? QUEM SERÁ QUE A GENTE VAI SER QUANDO O TRABALHO NÃO FOR MAIS A PRIORIDADE QUE TANTO DÁVAMOS, ou quando o corpo que tanto lutamos para manter não for mais aquele "sarado" que muitos elogiavam, ou quando chegar o momento de até mesmo os nossos melhores amigos seguirem seus caminhos?
Eu ainda não tenho certeza, mas talvez o grande desafio da vida seja esse: se preparar para o momento em que você vai olhar para si mesmo e, por mais que tenha tido grandes feitos, você vai parar e dizer:
"Eu estou sozinho, mas estou bem comigo mesmo."
E isso é muito mais difícil e doloroso do que parece. Quantas vezes fugimos da nossa própria companhia, fugimos de nossos pensamentos, de nossos questionamentos? Preenchemos nossos dias com coisas que não fazem sentido algum: mais obrigações, mais redes sociais, mais barulho e mais pressa, e esse caos só nos consome. Muitas vezes, o silêncio vai nos obrigar a encarar quem realmente somos. E quando vemos que não damos conta, tentamos fugir. Somos covardes por isso ou não estamos acostumados com a pressão que nos persegue?
Essa cena do senhor sentado comemorando seu aniversário sozinho me fez refletir sobre o tipo de pessoa que quero ser quando chegar à minha velhice. Quero ser alguém que sabe aproveitar a própria companhia. Quero ser o tipo de pessoa que, mesmo sozinho, encontra motivo para celebrar. Quero ter histórias para contar, mesmo que seja para mim mesmo. Quero lembrar de toda a trajetória da minha vida e perceber o quanto vivi, o quanto amei, o quanto dei o meu melho.r, o quanto tentei ser marcante.
A verdade é que a velhice chega para todos, não adianta fugir. E, antes que ela chegue, talvez seja hora de nos perguntarmos: o que estamos fazendo hoje para construir o nosso "eu" de futuramente? Se você não tem uma boa relação com você mesmo, com sua aceitação, com o seu verdadeiro propósito, o tempo só vai piorar isso. A solidão que você tanto evita agora pode se transformar na sua única companheira no futuro, portanto, amadureça suas atitudes.
Não sei quem aquele senhor foi durante sua vida. Talvez tenha sido um homem rodeado de amigos e familiares, talvez tenha sido um professor, talvez tenha escolhido a solidão ou talvez a solidão o tenha escolhido. Talvez ele tenha perdido a sua esposa recentemente. E é por isso que sempre falo: nós não temos o poder nem o direito de julgar a vida de ninguém, porque cada um sabe o que passa com o seu próprio sentimento, dia após dia. Hoje foi um dia especial, pois, de alguma forma, ele me ensinou algo que eu não vou esquecer: é importante aprender a estar em paz e ser feliz com a nossa própria companhia. Porque, no fim das contas, você sempre terá a si mesmo. E isso pode ser escolhido por você: solidão ou liberdade? A escolha é feita agora e só depende exclusivamente de você.
Com amor, James.

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