Recentemente, fui a uma festa e fiquei me autoanalisando. Tive um momento de reflexão tão intenso que me fez chorar. No meio daquela multidão, entre as pessoas, a música alta, gente sem camisa e muitos, muitos excessos, algo me fez pensar: o que nós estamos tentando preencher?
É estranho falar sobre isso sem parecer um julgamento, mas não se trata disso. Eu também faço parte dessa vida. Trata-se de sermos sinceros e verdadeiros com o nosso eu mais íntimo. Eu dancei e vi pessoas dançando como se o mundo fosse acabar, se entregando a tudo que aquele momento tinha para oferecer: bebidas, drogas, corpos — não só um, mas vários. Como falei antes, eu, James, não estou acima disso que estou escrevendo. Já fui para baladas na tentativa de aliviar esse caos mental que existe bem lá no fundo do meu coração. Só que, dessa vez, o que era para ser animação virou uma batalha de questionamentos internos.
A questão não é a festa, não é a bebida, nem as escolhas que cada pessoa faz. É o que está por trás de tudo isso. Por que tantos de nós sentem essa urgência de se anestesiar, de se entregar a algo que, muitas vezes, nem controlamos? Por que parece que a felicidade só acontece se a buscarmos fora, e se for para o "agora"? Parece que temos uma sede constante, uma necessidade de buscar, como se tivéssemos um buraco que nunca se preenche. Mas por que isso acontece?
Talvez a gente passe tanto tempo tentando ser aceito pelas pessoas, tentando ser forte, tentando mostrar que está tudo bem, que, quando finalmente temos liberdade, não sabemos o que fazer com ela. Então exageramos e achamos que esse exagero é "normal". E é aí que a gente corre para preencher o vazio. E o vazio não se contenta com pouco. Ele exige mais: mais festas, mais beijos, mais sexo, mais likes, mais sensações, mais momentos extremos.
Não estou aqui dizendo que ser gay ou hétero é isso. Nem que todas as pessoas são assim. Não quero generalizar. Mas podemos ver isso na teoria de Freud, intitulada como o "Princípio do Prazer". Freud afirmou que o ser humano é movido pelo princípio do prazer, ou seja, a busca constante de experiências que proporcionem satisfação e evitem o sofrimento. E é aí que entram as festas, o uso de drogas e outras práticas que ativam o sistema de recompensa do cérebro (dopamina), proporcionando uma sensação de prazer imediato. Isso gera mais uma tentativa inconsciente de escapar dessa superação interna, das frustrações, dos medos, das inseguranças.
Sinto que essa sensação de cansaço, de corpo fadigado, não é só minha. E o cansaço a que me refiro aqui não tem nada a ver com o esporte. Eu vejo isso nos olhos de outras pessoas também. Sinto. Sinto a dor por meio daquele olhar que brilha, mas, ao mesmo tempo, parece pedir socorro. Sinto o cansaço disfarçado de energia.
Mais do que tudo, nós somos adultos e precisamos falar sobre isso. Sobre o valor que damos a nós mesmos, sobre os espaços que ocupamos e as pessoas que deixamos entrar nesses espaços. Sobre o que buscamos e por que buscamos. Será que estamos correndo atrás de algo que já está dentro da gente e só não conseguimos enxergar? Será que estamos tentando curar feridas antigas com soluções rápidas e, acima de tudo, passageiras?
Eu, James, confesso que não sei. Talvez eu ainda não tenha as respostas. Mas, se você já sentiu esse mesmo peso, essa tristeza que vem depois do "fim de uma festa" ou de "um dia exaustivo", saiba que você não está sozinho. Às vezes, o mundo (ou melhor, as nossas escolhas) parece nos colocar em um caminho que a gente não queria seguir. Mas eu me pergunto: e se a gente parasse? E se olhássemos para esse vazio sem pressa de preenchê-lo?
De uma coisa eu tenho certeza: O VAZIO NÃO É O FIM, ELE É O RECOMEÇO. Ele só esteja pedindo para ser entendido. E, talvez, ao invés de corrermos para fugir dele, devêssemos sentar com ele e dizer: “você está aqui, mas quem manda sou eu. Eu posso te ouvir, mas a decisão de seguir em frente é minha.”
Porque, no fim, o que a gente está buscando no mundo, podemos encontrar dentro do nosso coração.
Com amor, James.

Comentários
Postar um comentário